Dois fundos de capital semente – Vox Capital e o americano Village Capital – realizaram investimento de R$ 300 mil em empresas startups com foco no aspecto social.
O fundo Village Capital, braço do fundo americano Grayghost Ventures, e a Vox Capital, fundo de capital de risco fundado por Antonio Ermínio de Moraes Neto, vão realizar aporte de R$ 300 mil em três empresas selecionadas por um programa da Artemísia, empresa que se dedica a treinar empreendedores.
Os dois fundos utilizam o modelo de impact invest – investimento em empresas iniciantes que não leva em conta apenas o retorno, mas também o impacto social dos investimentos.
“A gente acredita que algumas ferramentas do setor privado de negócios dão uma abordagem que confere mais governança, eficiência e efetividade a esses trabalhos sociais”, ressalta Gilberto Ribeiro, analista de negócios da Vox Capital.
“Uma ONG, por exemplo, tem dificuldade porque usa um dinheiro a fundo perdido. Por isso, tem uma atuação bastante limitada”.
Os três negócios foram escolhidos de uma lista de dez empresas. O primeiro deles, o Quadrado Mágico, é um sistema on-line que disponibiliza vídeo aulas com base nos conteúdos do ensino Fundamental e Médio.
Outro escolhido, o Banco Pérola, uma financeira voltada a microcrédito para jovens de baixa renda em cidades pequenas.
O último escolhido, o Saútil, propõe qualidade e disponibilidade das informações sobre os recursos e serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma plataforma digital.
“A fortaleza desses empreendedores é o conhecimento das necessidades do mercado das classes C, D e E e as soluções inovadoras”, diz Maure Pessanha, diretora executiva da Artemísia.
O modelo do aporte foi um empréstimo que poderá ser convertido em participação na empresa, de menos de 50%, caso ela tenha um desenvolvimento bem sucedido.
“Essa é uma linha de investimentos de semente, que é utilizada em empresas que estão com estágio recente de maturidade e não estão prontas para um investimento maior”, explica Ribeiro.
O investimento recebido pelas empresas será na maioria gasto com pessoal e equipamentos. Após este aporte, as empresas continuam incubadas por seis meses, e em seguida serão novamente apresentadas a outros investidores, incluindo os dois fundos.
“No final do programa elas têm a oportunidade de receber outro investimento, tanto da Vox quanto de outros investidores estrangeiros”, diz Ribeiro.
O próximo passo para as jovens empresas durante os seis meses seguintes será o aprimoramento da gestão financeira dos negócios. A Artemísia conta com uma parceria com a Redecard para fornecer esse treinamento.
Segundo Meure, o principal desafio enfrentado pelos empreendedores não é a gestão das finanças, mas convencer outras pessoas a abraçarem os projetos e se unirem às equipes.
“É um trabalho muito intenso, pois essas empresas precisam de crescimento rápido, e requer um capital humano muito qualificado”, diz.
Como critério de seleção, os próprios empreendedores elaboraram um ranking dos 10 negócios que competiam pelo aporte.
A avaliação seguiu seis critérios: o perfil do empreendedor, a qualidade do produto, a relação do negócio com os clientes, o modelo financeiro da empresa, a possibilidade de saída para os investidores e a rentabilidade.
O Vox Capital realizou uma seleção separada, seguindo seus critérios próprios, para determinar quem receberia o aporte.
“A gente vê principalmente o impacto social, quantitativamente o quão acessível essa solução é para a baixa renda. E também o quanto o negócio se ajusta à nossa estratégia de investimento”, explica Ribeiro.
Fonte : Brasil Economico